terça-feira

Quadrilha



Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha.


E assim é que a vida segue...
Engraçado que quando alguém se encontra parece que tem dois alguéns que ficam tristes.
Porque sempre tem um que amava o outro que gosta do um, mas não o suficiente para ficar com ele. E assim por diante.
E assim a vida segue...
Até o dia que esse um que ficou, ache o seu outro, que vai deixar outro um triste e assim criar uma nova quadrilha.
O poeta não é poeta por acaso.
Um  escreve a vida tão verdadeiramente o outro canta a vida tão realmente.
E assim é que a vida segue...
As coisas sempre vão se ajeitando de um jeito ou de outro.
Como diria o outro poeta, mais jovem e tão sensível quanto, o que é seu, virá e virá no tempo que deverá vir, porque deus não esquece, ele capricha...ou algo do gênero.
Então, a vida segue e tudo deverá acontecer no tempo que deverá acontecer.
Não adianta apressar, nem querer que aconteça antes da hora.


Música para esse post: "Flor da Idade" de Chico Buarque
Poema para esse post: "Quadrilha" de Carlos Drummond de Andrade
Sugestão de Caio Fernando Abreu

A Professorinha!!



Estou assistindo algumas peças de alunos na escola e sempre rola um medo de não gostar e me sentir pressionada a falar alguma coisa bonita no final porque preciso, porque sou professora da escola, porque o aluno sente a necessidade da aprovação.
Mas não to precisando mentir.
Ando com um orgulho dos meus alunos.
Eles me emocionam.
Claro que muitos deles me deixam felizes e tal, até chego a trabalhar com eles, gosto disso, sinto prazer.
Teve uma turma, em especial, que sempre me fazia chorar. 
Era uma só...engraçado...só aquelas meninas, conseguiam me fazer chorar de emoção, de tanta paixão que tinham ao fazer a peça de fim de semestre, acreditavam tanto no que estavam fazendo, independente da proposta, era lindo de ver. Tanto que me emociona ver o que sobrou dessa turma até hoje, profissionalmente. Imaginando por aí, sonhando o sonho do teatro.

Mas ultimamente, mais deles me fazem chorar de emoção. 
Acho bonito quando vejo que o "cara" entendeu um pouquinho do que é teatro e consegue, de verdade, fazer teatro.

Acho bonito ver o "cara" inteiro em cena, acreditando naquilo, que até então é sonho.
Não sei se estou emotiva, se o tal cara está empenhado mesmo, mas acho bonito.
Talvez agora tenha entendido mais o que é ser professora.
Ou talvez tenha ficado mais mole.
Não importa, to gostando de ser a professorinha.

Na foto: Eu e Dani Sarti na montagem de "O Sonho" de Strindberg

segunda-feira

O que é pior???



A gente é besta mesmo.
Faz uma merda um dia...não lembra o que fez...acha que não fez nada e não entende a cara feia do outro pra gente.
Confesso que devo ter feito muita merda nessa vida, nesses últimos tempos, principalmente.
Tem muita gente de cara feia pra mim.
Confesso que sou um pouco sem noção, impulsiva, explosiva e quase sempre quando faço a merda estou alcoolizada, normalmente estamos, mas isso não é desculpa...
Mas também, se eu esqueço, é porque não era de verdade né?
Era um bobagem qualquer, uma irritação momentânea, um ciúme bobo, um jeito de chamar a atenção da pessoa, "olha pra mim, fala comigo" de um jeito imaturo, de um jeito sem jeito.
O problema não é nesse momento.
O problema é o tempo quando passa.
E não é no próximo momento...é muito tempo depois.
Eu não lembro nem mais o que aconteceu, mas a pessoa, alvo da merda dita ou feita, aquela que nunca esquece do tapa levado, a que não perdoa, ela fica mal de cara feia, sem falar mais comigo...e eu quase sempre, não sei o motivo.
Não seria mais simples me dizer o que foi.
Se você pensar em todas as coisas legais que eu te disse e pensar nas coisas ruins e eu valer a pena, me diz o que foi. 
Agora se passar muito tempo e o silêncio continuar, vou entender que a cara feia será pra sempre.
E eu que sou bestona e sem noção vou sofrer de saudade e você vai sofrer de raiva...e o que é pior???

Isso vale pra mim e pra você!!!

Música para esse post: Marisa Monte "Sintoma de Saudade"

Ai, que saudades que eu tenho


Ai, que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida com Ana Virginia Miranda, Paulo Guilherme de Mattos, Juliana Stumpf, Roberta e Karen Rossini.

Que saudades, da idade mais complicada e estranha que é a adolescência junto com Maria Claudia Cunha, Daniela da Silva Costa, Tathiana Alves Inocêncio, Tatiana Rocha, Anderson José da Costa Gama, Fernando Mathias, Marina “Dickinson”.

Os amores incríveis e lindos nunca vividos e para sempre lembrados, Marcelo, Ricardo, Alexandre, Márcio...

As dificuldades do pré vestibular, atenuadas pela alegria da galera do rock and roll, Roberta, Ju, Carol, Maíra, Mauro, Walter, Vítor...e todas aquelas chatices de cursinho, que não entraram na minha cabeça, mas os amigos, ficaram pra sempre no meu coração.

Saudades do novo mundo que me foi mostrado através do teatro, com Renata Santos Francisco, Adriana Rubra, Mariana e Lu Galeno e no pacote, Sabrina de Meo, Luciana Busco e os meninos de Bortolândia, depois a escolha deliciosa e definitiva da profissão, descobrindo como ser ator-mentado com Eduardo Aznar dos Santos, Simone Alves Costa, Fernanda Costa, Flavio Rodrigo, Ciça Palanch, Renato Murakami, Tatiana Azevedo, Rodrigo Almeida, Patricia Barbosa, Aline Martins, Rebeca Ukstin e todos os que passaram pelos amarelos corredores do Teatro Escola Macunaíma.

Saudades do tempo em que o tempo era o agora ou nunca.
Saudades das dores bobas e intensas que se apagavam com a lembrança ou a presença do amigo.
Quero o tempo em que brigar durava pouco e rir durava muito.
Pessoas ainda amadas e sempre lembradas.
Saudades.

Escrito feito por conta do processo de ensaios e das apresentações da peça "Princesa, eu?".
Revivi minha adolescência e me re-transformei.

quarta-feira

Aos 30 do segundo tempo...

Ainda há tempo.
Sempre há.
A menos que você saiba que terá poucos dias de vida, caso contrário, sempre há tempo, sempre haverá.

Tempo pra perceber, sentir, mudar.
Tempo pra cicatrizar, curar, equilibrar.

E o tempo faz a gente ficar mais forte, mais consciente, menos frágil, menos inocente.
Não falo do tempo do relógio, que só serve pra organizar a vida, e que as pessoas usam pra se atrapalhar, sofrer de ansiedade, estar atrasada ou ficar esperando.
Falo do tempo de existência, de experiência.

Como é incrível passar a perceber seus reais desejos e conseguir ver o melhor caminho para o problema.

Um mês se torna um ano ou um dia, dependendo da intensidade que se vive o tempo.

Nos meus 30, 30 dias felizes, conhecendo e vivendo lugares diferentes, não usei relógio, não perdi a hora, não me preocupei com isso, apenas vivi, e foi maravilhoso esse novo jeito de viver.
Não é pra ser hippie ou irresponsável, mas sim aproveitar o máximo do tempo, sem pensar na hora que acaba ou começa. Só sentir e perceber o que está acontecendo agora!!!
Porque só existe o agora.
O ontem já passou.
O amanhã ainda não veio.
E o tempo que passa, cura.

Acho que era uma das coisas que as amigas falavam que se sentia quando se faz 30.
Eu ando sentindo prazer nos meus dias, prazer em viver.
Que se danem os problemas insolucionaveis e dos amores não vividos.

Eu quero é mais.
Quero curtir meu tempo e aprender com ele, deixar ele passar pra passar as coisas ruins e aproveitar o que ele me dá.

"és um senhor tão bonito"
Música para esse post (O tempo - Caetano Veloso)